quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O Chapéu 🌟 Conto

💫

O Chapéu

De repente, lado a lado andávamos, cedo da noite, em uma calma rua florida.

Imediatamente, sem qualquer temor, tudo era normal.

Chico, tranquilo, disse não conseguir encontrar o endereço daquele cartão de visita.

Perguntei se era de uma mulher. Respondeu que sim, mostrando-me o cartão e um pequeno pin com a mesma delicada espiral em verde.

No fim da mini alameda, em frente ao grande portão de ferro vazado abrindo-se para o pátio de uma aprazível vilazinha com lindas casas antigas em cores claras, ajardinadas e bem cuidadas, declinou o nome dela: Ângela.

Subitamente, a alguns passos, surge, em meio aos poucos transeuntes, uma belíssima jovem de longos cabelos castanhos ondulados, suavemente a sorrir com os vívidos olhos cor de mel.

Ao nos cruzarmos, entre incrédula e surpresa com o improvável encontro, virou-se para confirmar.

Acompanhei-a com o olhar. Nesse átimo, o amigo poeta sumira. Apenas seu chapéu no chão ficara.

Ela o pegou, delicadamente colocou-o na minha cabeça e, com um leve sorriso, deu-me o braço.

Despertei, então, sem sobressaltos.


No sonho, além da visão da Beleza, encontrara o saudoso amigo, quando se completam dez anos do seu encantamento.

E a onírica viagem, na vigília fez-se literária, dall'aldilà voejante sobre os meus papéis.


S. R. Tuppan



Recife, 24 de Janeiro de 2017.

Ao Amigo Poeta, Contista, Editor e Professor
Francisco Espinhara,
falecido em 13 de fevereiro de 2007.

P. S.: As palavras que encerram a frase final deste "O Chapéu" referenciam-se nas derradeiras do miniconto de F. E. "Eczema no Lírico" (dedicado a Manuel Bandeira), do seu livo 'Sangue Ruim' (2005).

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